Breve novidades - acesse também: http://www.avpropaganda.com.br - acesse os blogs parceiros

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ensinar crianças emociona escultor


Bittencourt produz as esculturas em seu ateliê no Bairro do Botujru, onde também costuma receber grupos de alunos
mariana nepomuceno
Lúcio Bittencourt já viajou bastante pelo mundo. Ficou conhecido por transformar sucata em arte. E em uma de suas visitas à França foi convidado a ministrar uma oficina. Mas, para a sua surpresa, o grupo ao qual passaria um pouco do seu trabalho era formado por crianças, por volta dos seis anos de idade. Sem dominar o francês e diante daquela garotada curiosa, ele não pensou duas vezes. Pegou o material que tinha em mãos e começou a mostrar como cada parafuso, entre outros pedaços de metal poderiam se tornar uma bela escultura. Depois pediu a professora deles – que era portuguesa – para incentivá-los a manusear o restante da matéria-prima espalhada no local. O resultado foram 30 obras feitas com muita criatividade e divertimento.
Vendo os olhos daquelas crianças brilharem ao perceber que eram capazes de criar algo a partir ‘do nada’, Lúcio percebeu que essa era uma ideia a ser levada adiante. Por isso, hoje ele ministra oficinas como essa aqui em Mogi das Cruzes, e em muitas outras cidades nas quais expõe. "É algo direcionado para todas as idades, de crianças a idosos. É uma troca de energia incrível e o resultado impressiona", comenta ele.
Lúcio diz ainda já ter se deparado com gente muito talentosa que, às vezes, nem sabe de sua aptidão. "Por isso hoje abro, quando tenho disponibilidade, a minha oficina para as escolas. Os alunos vêm aqui e se divertem", avisa o artista que trabalha em uma casa localizada no Botujuru. Neste espaço, além de manter uma oficina também conta com um salão onde armazena algumas peças que irão para exposição.
Pedaços de madeira, ferro, aço, engrenagens de maquinários, peças de veículos, chapas e muitos parafusos. Na oficina de Lúcio tem de tudo. Por isso mesmo é preciso tomar cuidado ao andar por lá. E em meio a tanto material ainda estão as esculturas, algumas grandiosas outras nem tanto. Umas estão praticamente prontas, enquanto a outra parte permanece em ‘quarentena’ - esperando alguma peça que está faltando. E esse cenário se repete durante todo o ano, já que são muitas as encomendas. "E nem é tão demorado terminar uma obra", garante ele.
E para quem vê tanto trabalho imagina que o artista tem alguém que o patrocine ou forneça todo o material necessário. Mas essa não é bem a realidade. Lúcio conta que um quilo de sucata de aço às vezes chega a R$ 15,00. E essa é uma quantidade muito pequena. "Quando sabem que você vai usar para fazer arte o preço sobe mais", revela. Ainda assim ele não desiste. Em algumas ocasiões até arca com as despesas mesmo sem saber se terá o retorno. Isso porque mais que um profissional ele é um apaixonado pela arte.
"No começo nem assinar minhas obras eu assinava", lembra Lúcio, que hoje tem obras espalhadas pelo mundo todo. Só em Paris, por exemplo, são 200. E como permaneceu por muito tempo sem se preocupar em catalogar o trabalho, o artista não sabe ao certo o quanto produziu em toda a carreira. No momento ele acredita ter feito mais de 12 mil. "Agora tenho até as fotos de cada uma", avisa ele, que gosta de trabalhar com peças únicas. "Não gosto de trabalhar em série. Já tive convites, mas aí a coisa fica muito comercial".

Nenhum comentário:

Postar um comentário